Empresa demite funcionária cristã que se posicionou contra o casamento gay em votação

Uma cristã australiana expressou sua opinião a respeito do plebiscito que a Austrália está fazendo sobre o casamento gay, afirmando que votará contra a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo, e terminou demitida pelos patrões.

 

Identificada apenas como Madeline, 18 anos, pelo portal australiano Sidney Morning Herald, a cristã usou um filtro em sua foto de perfil com alusão ao voto contra a legalização do casamento gay no país. O recurso foi adicionado ao perfil no Facebook no dia 29 de agosto, e expiraria alguns dias depois.

 

Semanas depois do filtro no perfil da rede social ter sido removido, a jovem recebeu uma mensagem da empresa Capital Kids Parties, de Canberra, em que foi comunicada de sua demissão: “Foi algo moral que não pude deixar passar”, disse a chefe de Madeline, Madlin Sims, explicando a decisão de demitir a cristã.

 

Madeline contou em sua entrevista que foi alertada pelo irmão de Madlin para remover o filtro. Como ela se recusou, Madlin a acusou de ter agredido seu irmão verbalmente.

 

A antiga patroa admitiu que Madeline “era muito sutil sobre [seu ponto de vista a respeito do casamento entre pessoas do mesmo sexo]”, mas decidiu que “não toleraria” uma oposição ao assunto “em qualquer nível”, e por isso demitiu a funcionária.

 

Essa postura expôs, mais uma vez, a chamada “mordaça gay”, em que pessoas com opiniões contrárias à homossexualidade ou à agenda LGBT terminam retaliadas ou agredidas.

 

“As visualizações homofóbicas que se tornaram públicas prejudicam o negócio e não se alinham com os meus valores pessoais e morais como dona da empresa. Temos membros da equipe que são gays, clientes que são gays”, alegou a empresária.

 

“Você tem direito à sua opinião, é claro, mas publicar algo como isso é extremamente prejudicial e atacar uma dor emocional às vezes mortal para os membros da comunidade gay e seus amigos não é nada bom […] Eu respeto você ter sua própria moral, assim como todos todos. Desculpe por te demitir, mas não podemos tê-la mais conosco”, finalizou Madlin na mensagem enviada à ex-funcionária.

 

Postura

 

Madeline defendeu sua postagem na entrevista afirmando que trata-se de fazer valer sua liberdade de expressão, e que o que aconteceu foi intolerância e censura: “Não tenho medo de defender minhas crenças e ser cristã. Todas as outras pessoas estão colocando filtros como o meu, mas que dizem ‘Vote Sim’. Mas há um filtro que diz ‘Está certo votar não’. Eu pensei que não precisava colocar isso, mas também não queria ficar em silêncio”, frisou.

 

A empresária, no entanto, insistiu que sua decisão está correta: “Isso não é uma questão de opinião ou mesmo religião. É uma questão de amor e sustento de seres humanos reais. A liberdade de expressão existe por um motivo e também tem consequências”, alegou. “O que eu fiz foi intolerante. Mas o que é pior: ser um fanático lutando pelos direitos dos homossexuais ou ser fanático dizendo às pessoas que eles não podem ter igualdade?”, acrescentou Madlin.

 

A advogada trabalhista Scarlet Reid comentou o caso e afirmou que como Madeline não tinha um acordo formal com a dona da empresa, ela seria considerada uma funcionária casual, o que exige um período de qualificação de seis meses para alegar uma demissão injusta: “Não parece que essa pessoa em particular tenha os requisitos necessários para uma reivindicação de demissão injusta. Outro funcionário com vínculo mais longo em circunstâncias comuns pode muito bem acusar uma demissão injusta se for rescindido com base nisso”, avaliou.

 

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