Especialista acha perigoso dar à Google poder sobre notícias falsas

O renomado pesquisador em psicologia e PhD da Universidade de Harvard Robert Epstein disse que os esforços da Google, Facebook e outros para verificar a veracidade dos materiais na Internet são mais perigosos do que as próprias notícias falsas.

 

Robert Epstein contou, em seu artigo para a Sputnik Internacional, que recentemente participou de uma grande conferência sobre notícias falsas, onde participaram representantes da Google, Microsoft, The New York Times e Buzzfeed. Segundo ele, os especialistas não conseguiram chegar a acordo sobre a definição do termo “noticia falsa”, e todas as sugestões sobre os meios para controlar este tipo de notícias foram imediatamente rejeitadas.

 

“As notícias falsas não são realmente um problema tão grande como a maioria das pessoas pensam que é”, disse especialista, acrescentando que para isso há duas razões.

 

A primeira razão é que notícias falsas são semelhantes a painéis, são competitivas exatamente como os anúncios publicitários na TV, muitos dos quais também contêm afirmações falsas.

 

“Nós acabamos acreditando erradamente que a rápida proliferação de ideias ou de informações é um fenômeno novo, tornado possível apenas nos últimos anos por causa da Internet. Esquecemos que muito antes da Internet as notícias e rumores falsos se espalhavam através das populações com a velocidade da luz”, disse Epstein, acrescentando que as pessoas em geral já eram mexeriqueiras antes das plataformas de mídia social terem sido inventadas.

 

A segunda razão é que as notícias falsas são fontes visíveis de influência. Quando, por exemplo, você encontra uma história que Hillary Clinton é alegadamente uma marciana, escreve o especialista, você sabe que está sendo influenciado. Fontes visíveis de influência têm um mecanismo bastante previsível: as pessoas prestam atenção à informação que corresponde aos seus preconceitos e crenças e ignoram o resto.

 

Muito mais perigosos são os novos tipos de influência que as pessoas não podem ver. Nos últimos anos, o autor tem descoberto e estudado novas fontes de influência online, tais como o efeito de manipulação de motor de busca (SEME na sigla inglesa) e o efeito de sugestão de busca (SSE na sigla inglesa), que são totalmente invisíveis para a maioria das pessoas, porque o ranking de busca tendencioso pode ter um impacto drástico nas opiniões e preferências das pessoas.

 

Notícias falsas causam preocupação porque podem afetar centenas de milhares ou mesmo milhões de pessoas a cada dia. Assim, sublinha Robert Epstein, uma predisposição nos resultados de pesquisa e sugestões de pesquisa pode afetar bilhões de pessoas todos os dias. Como meio de influência, as próprias notícias falsas são relativamente triviais.

 

O especialista também observou que o processo de decisão se uma notícia é falsa ou não é muito politizado:

 

Uma história verídica de uma agência de notícias [por exemplo, da Sputnik] que é associada ao governo de um país adversário [neste caso com a Rússia] é falsa ou não? Estou perguntando isso porque um artigo meu, publicado recentemente pela Sputnik, foi ignorado pelas principais agências de notícias americanas apesar do fato de conter um relato verdadeiro da minha nova pesquisa sobre o recurso de autocompletar do Google.”

 

Robert Epstein foi programador durante a maior parte da sua vida, e ele garante que qualquer sistema algorítmico para buscar e eliminar notícias falsas vai falhar inevitavelmente.

 

Mas Google e Facebook não são responsáveis por qualquer coisa que eles nos mostram – eles não escrevem o conteúdo, eles são apenas intermediários, não são “editores”.Segundo o especialista, é uma posição muito vantajosa. “Caso você não tenha notado, as empresas como Google e Facebook já têm um enorme poder. Queremos dar-lhes mais um tipo de poder – o poder de decidir que histórias são válidas e quais não são?”

 

Permitir que as grandes empresas verifiquem a veracidade dos materiais no Internet – por outras palavras, para gerenciar nossas notícias – é potencialmente muito mais prejudicial do que as próprias notícias falsas (Sputnik Brasil).

 

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