Falta de acordo entre Igreja e Estado pode fechar tradicional colégio

A instituição, que funciona há 45 anos não está recebendo novas matrículas, o encerramento das atividades deve acontecer no final deste ano por conta de um impasse envolvendo o Governo do Estado e a Igreja Católica, dona do espaço cedido para o funcionamento da unidade.

 
Uma das mais tradicionais escolas públicas de Feira de Santana – o Colégio Obra Promocional de Santana – deve fechar as suas portas em 2019. A instituição, que funciona há 45 anos não está recebendo novas matrículas, o encerramento das atividades deve acontecer no final deste ano por conta de um impasse envolvendo o Governo do Estado e a Igreja Católica, dona do espaço cedido para o funcionamento da unidade.

 

A escola funciona há 45 anos, na avenida Maria Quitéria no bairro Brasília, através de um regime de comodato entre o Governo do Estado e a Igreja Católica, que é a dona do prédio. Como o contrato de comodato se encerra em 2019, foram iniciados os entendimentos, mas até agora não houve consenso entre as partes e a consequência disso é que a unidade não recebeu este ano novas matrículas, situação confirmada pelo presidente do Colegiado, Ronald Ribeiro. “A informação que nos foi passada é que o colégio só funciona até o final do ano e com os alunos que já são da casa. No ano que vem o colégio será fechado”, disse.

 

O impasse, de acordo com o Diretor do Núcleo Regional de Educação de Feira de Santana (NRE-19), Ivamberg Lima, gira em torno da forma como a Igreja Católica que conduzir a situação. “Os entendimentos foram iniciados ainda no ano passado, a direção quer que a unidade continue funcionando com o Estado pagando aluguel pela utilização do espaço. No entanto por contenção de despesas a Secretaria de Educação não trabalhar mais com prédios alugados, uma vez que no entorno existem outras unidades que podem absolver os alunos do Obra Promocional”, explicou o dirigente. “O que estamos pleiteando é que siga o contrato de comodato, ou seja, que aconteça uma renovação do vínculo. Ninguém quer a escola fechada”, complementou.

 

LAMENTAÇÃO E PROTESTO

 

A possibilidade de fechamento do Obra Promocional tem causado descontentamento no meio estudantil. Estudante da instituição durante três anos, João Rafael, 14 anos, lamentou a situação. “Eu fico muito triste, mais uma vez prova que o dinheiro está à frente de tudo, ao invés da educação, as amizades ou professores e funcionários que trabalham aqui diariamente, eles estão botando o dinheiro na frente”, relatou o ex-aluno.

 

A mãe de João Rafael, Marleide Alves se preocupa com a situação do seu outro filho Luiz Gabriel, 12 anos, que ainda estuda no colégio. “Estou me sentido abandonada pelo governo mais uma vez, porque ao invés de solucionar o problema ele está acumulando os alunos em outras escolas, para ele é muito mais fácil jogar todo mundo em outros colégios e prejudicar vários alunos do que resolver o problema”, disse Marleide.

 

O fato está causando indignação as pessoas envolvidas. De acordo com Ronald Reis, algumas pessoas relatam que a área territorial do prédio foi adquirida com a ajuda da comunidade, “A historia que os professores antigos e a população contam, é que a compra do terreno foi feita através de doações”, afirmou Ronald.

 

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) realiza nesta quinta-feira (18) uma manifestação contra o fechamento da escola. O ato acontece em frente à escola a partir das 7h30min e deve contar com a comunidade do Bairro Brasília e adjacências, pais e estudantes, e os trabalhadores em educação. Conforme a Presidente da APLB, Marlede Oliveira, o principal objetivo do protesto é conscientizar as duas entidades envolvidas “Vamos pressionar os dois, o estado e a igreja, para manter a escola funcionando. Quem está certo ou errado nós não sabemos, a gente percebe que a tendência é a escola deixar de funcionar, prejudicando todo mundo, os professores, os estudantes, e a comunidade que tem uma escola de qualidade, então a mobilização é para pressionar as duas partes, o Governo do Estado e a igreja, que estão desfazendo o convenio”, relatou a presidente da APLB.

 

DECISÃO

 

O Pároco da Catedral Metropolitana de Sant’Anna, Arivaldo Aragão Vitória, disse a reportagem que no dia 8 de janeiro o Governo do Estado enviou um ofício para Diocese informando o interesse em estadualizar a escola, mas em contra proposta, a igreja sugeriu que houvesse uma cobrança (aluguel do imóvel). Existem rumores de que caso não aconteça um consenso, o local pode abrigar um núcleo de uma faculdade católica. Sobre esta questão, o pároco confirmou a possibilidade. O caso está sendo analisado pelo arcebispo metropolitano, Dom Zanoni Demettino Castro e sua assessoria e até o final deste mês deve chegar a uma decisão.

 

FOLHA DO ESTADO

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