Pregação em declínio, púlpitos em crise e igrejas sedentas

pregadorA pregação se esvai dos púlpitos a cada dia. Já não vemos, com frequência, pregações centradas nas Escrituras, expostas com organização, isto é, de maneira inteligível ao público. O que vemos é um analfabetismo bíblico tanto dos pregadores como do povo em geral. Pregações sem compromisso com a verdade; sem sistema organizacional algum, isto é, com início, meio e fim. O que se nota – não generalizando – são exposições que começam no sul e acabam no norte. Pregações sem hermenêutica, fundamentadas na emoção.

 
Pregação em declínio

 

Por observar o quanto tem caído a “qualidade” da pregação, propus refletir sobre a temática, por ser a pregação uma ferramenta de suma importância para a vida e o crescimento da igreja.

 
Deus, em sua sabedoria, deu à igreja homens com dotação especial para edificação do corpo de Cristo (Ef 4.11). Percorrendo a Escritura, é sabido que Deus vocacionou pessoas. E dos vocacionados se requer esmero (2Tm 2.15; Rm 12.7). Por isso, a posição assumida pelo pregador diante de Deus, Sua Palavra e da igreja a qual se dirigirá, é de fundamental importância.

 
Ao manusear o texto bíblico, veremos também a importância da pregação (neste caso, evangelística) na ordem expressa do Cristo, ao comissionar seus discípulos para anunciarem o evangelho: “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém! (Mt 28.19-20 – ARC). Marcos, ao redigir o texto conhecido como “A Grande Comissão”, escreve: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15 – ARC).

 

Acerca dos textos citados acima, vejamos: “Na grande comissão, dada por Jesus a seus discípulos, segundo o registro de Mateus 28.19-20 temos configurada a função de mestres (fazer discípulos), mas segundo o registro de Marcos 16.15, a configuração é a de pregador (pregai o evangelho)”. [1]

 
Sendo assim, sem uma pregação de qualidade fica debilitada a tarefa da igreja de edificar seus membros como também de comunicar as verdades do Evangelho aos que, ainda, não nasceram de novo.

 

Cabe ressaltar o que diz o texto bíblico: “Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha?” (1Co 14.8 – ARC). Neste versículo, podemos entender que, sem clareza ao se expressar, a palavra do pregoeiro fica sem objetivo.

 

Púlpitos em crise

 

Nesse sentido, a falta de consagração e habilidade do pregador é, em geral, denunciadas por sua exposição, testemunhando, assim, contra si mesmo. Precisa-se de pregadores urgente, não de animadores de plateia. Chega de tanta emoção. Os púlpitos estão em crise; neles são poucos os que assumem compromisso com Deus, com Sua Palavra e com os ouvintes.

 
Vale salientar que, quando “o púlpito perde seu poder”, certamente, a igreja sofrerá prejuízo. Sem pregadores ungidos, cheios do Espírito Santo, de nada adiantará o domínio de disciplinas teológicas como a hermenêutica e a homilética.
Dessa forma, podemos assim resumir a importância de se ter pregadores com uma mensagem cheia de poder e graça: “A Presença da mensagem inspirada é fator de fundamental importância para o crescimento da igreja (conversões), para o seu maior conhecimento espiritual (firmeza doutrinária) e para o aperfeiçoamento do seu corpo (consagração de cada crente)”. [2] Do pregador se espera preparação nos estudos e na oração, para que seus sermões sejam inteligíveis e cheios de poder. Sem isso, não há êxito na pregação do evangelho.

 

 

Igrejas sedentas

 

O resultado da falta de esmero nos estudos e da consagração do pregador são igrejas sedentas, pois estas não estão sendo alimentadas com a Palavra de Deus. A igreja sem o alimento nutritivo das Escrituras perde a saúde e o vigor espirituais. Ovelhas não vivem sem pastos verdejantes, nem sem águas mansas e cristalinas.

 

Sabemos, entretanto, que existem igrejas com ouvidos viciados, que gostam de se alimentar de “coisas velhas”. Se contentam com os chavões dos pregadores e ensinadores modernos, com as famosas frases de efeito, do tipo: “Eu tenho uma palavra profética para sua vida!”, “Receba aí algo de Deus!”, “Você foi chamado pra ser cabeça e não calda!”. Mas, em meio a essa avalanche de pregações e ensinos falsos, existem aqueles que estão sedentos por ouvir a verdade, a voz do Eterno.

 

Conclusão

 

Não foi nosso intento esgotar a temática, mas lançar luz sobre o assunto e fomentar a reflexão sobre a qualidade da pregação, e como esta influência de forma positiva ou negativa a vida da igreja. Em geral, percebo nossos “púlpitos em crise”. E, infelizmente, como resultado disso, igrejas e mais igrejas permanecem sedentas pela Palavra. No entanto, há nesse meio, aqueles cristãos viciados por jargões que traz em sua essência doutrinas estranhas como: confissão positiva, teologia da prosperidade e humanismo, etc.

 

Somos cônscios do estado atual que vive a igreja brasileira. E, por via de regra, seu estado não é dos melhores. É preciso resgatar sua saúde e vigor espiritual através do ensino sadio das Escrituras. É preciso orar para que o Senhor da seara mande mais despenseiros fiéis, que não sonegam o ensino nutritivo da Palavra de Deus.

 

NOTAS

 

[1] SILVA, Plínio Moreira da. Homilética: A Eloquência da Pregação. Curitiba, PR: AD Santos Editora, 1999, p. 44.
[2] GONÇALES JÚNIOR, Almir dos Santo. Quando o Púlpito Perde o Poder: Uma Realidade Preocupante. 2.ed. Rio de Janeiro, RJ: JUERP, 2000, p. 94.

 

 
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