Seita recusa tratamento médico em nome da fé e vê índice de mortalidade de crianças disparar

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Fiéis de uma seita estão sob holofotes por causa dos altos índices de mortalidade infantil causados pela crença de que todo problema de saúde deve alcançar cura através da oração, o que leva a constantes recusas ao atendimento médico.

 

A seita, chamada Followers of Christ, (“seguidores de Cristo”), possui forte presença nos estados de Oregon e Idaho, nos Estados Unidos, e o cemitério mantido por ela está repleto de lápides de crianças que viveram um dia, uma semana ou um mês, todas vítimas da recusa à medicina moderna.

 

Um dos casos absurdos – que veio a público há dois anos – atraiu a atenção da mídia local devido à gravidade dos problemas de saúde causados pela crença fundamentalista. Mariah, uma jovem hoje com 20 anos, sofre de hipertensão pulmonar resultante de um problema cardíaco. Hoje, ela vive com a ajuda de respiradores, e quer ver seus pais processados.

 

Mariah tinha um pequeno orifício congênito no coração, que poderia ter sido fechado através de uma cirurgia, o que a permitiria viver sem sequelas, mas seus pais recusaram o tratamento. Durante longos anos, outros tratamentos poderiam ter evitado o dano irreversível, mas nada foi feito.

 

Ao completar 18 anos, Mariah saiu de casa, segundo informações do site do jornal The Guardian. E até essa ocasião, ela não possuía documentos como Certidão de Nascimento ou Seguro Social, uma espécie de R.G.

 

“Sim, eu gostaria de ver meus pais processados. Eles merecem isso. E isso pode impedir os outros”, disse Mariah à reportagem, pausadamente, mas firme.

 

Mariah vive em Idaho, onde a lei protege os pais que recusam atendimento médico alegando que sua fé proíbe. Em Oregon, uma brecha na lei foi encontrada e diversos pais que fizeram a mesma opção foram processados por negligência médica.

 

Já em Idaho, o governador Butch Otter vem tentando resolver a situação de forma indireta, conscientizando os fiéis dessa seita sobre a importância do atendimento médico. Em 2015 ele criou um grupo de trabalho e descobriu que os índices de mortalidade infantil entre os Seguidores de Cristo foi 10 vezes superior à de todo o estado durante os anos de 2002 a 2011.

 

A postura do governador se deve ao fato de que os parlamentares estaduais, em sua ampla maioria Republicanos, se recusam a alterar a legislação em vigor há décadas. “A liberdade religiosa deve ser protegida; mas crianças vulneráveis também devem ser adequadamente protegidas contra danos desnecessários e morte”, afirmou o legislador democrata John Gannon, que propôs um projeto de lei para proteger as crianças dos maus-tratos, mas não obteve sucesso.
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