Alerj leva para ONU casos de intolerância religiosa no Rio

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vai apresentar à Organização das Nações Unidas (ONU) um documento contendo casos de violação dos direitos religiosos.

 

Segundo a presidente da comissão, deputada Renata Souza (Psol), o objetivo é que a organização internacional cobre do Brasil medidas concretas para combater crimes de intolerância.

 

A decisão foi anunciada na sexta-feira (08/11), durante audiência pública da comissão no terreiro de Candomblé Ilê Omiojuarô, em Nova Iguaçu.

 

“Temos que fazer um esforço intersetorial para combater o racismo religioso que existe no Brasil”, defendeu a deputada.

 

No Estado do Rio foram registrados 1.014 casos entre julho de 2012 e agosto de 2015, sendo 71% contra adeptos de religiões de matrizes africanas, 7,7% contra evangélicos, 3,8% contra católicos, 3,8% contra judeus e sem religião e 3,8% de ataques contra a liberdade religiosa de forma geral.

 

Números como esses mudaram a rotina da Mejitó Helena de Dã. Desde julho deste ano, seu terreiro, que fica em Duque de Caxias, encontra-se fechado. “Vi terreiros vizinhos serem atacados, fechados e ameaçados. Por medo e pra me resguardar estou há quatro meses sem tocar o candomblé”, lamentou Helena.

 

O coordenador de Assuntos Comunitários da Prefeitura de Nova Iguaçu, Jorge Luís Santos, disse que o município está tomando providências. “No ano passado tivemos muitos casos e a prefeitura está atenta e dando assistência às vítimas”, informou.

 

O deputado Flavio Serafini (Psol) falou da importância de capacitar professores da rede estadual para o ensino de história e cultura afro-brasileira.

 

“Já andei conversando com o presidente da Casa, deputado André Ceciliano (PT), para que a Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro (Elerj) possa ser o lugar de capacitação desses profissionais”, afirmou o parlamentar, explicando que essa “perseguição” as religiões de matrizes africanas passa pelo racismo.

 

Pai Adaílton, do terreiro Ilê Omiojuarô, fundado há 32 anos e que é patrimônio cultural do Rio, disse que é necessária a criação de políticas públicas de reparação aos povos das religiões de matrizes africanas. “Quando um de nós é atacado, todos somos atingidos. É importante uma política de reparação a esses danos”, defendeu.

 

A deputada Renata Souza lembrou que o Rio é o campeão em casos de intolerância religiosa no país. A parlamentar adiantou que pretende apresentar um projeto de lei criando o “Mês Verde”. “É fundamental que o estado tenha um mês de conscientização sobre a intolerância religiosa. Os casos são graves e atingem diretamente a cultura dos povos africanos”.

 

Fonte: Portal Eu, Rio

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