Bolsonaro e Lula empatam no voto evangélico, mostra pesquisa Datafolha

A pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira (12), que aponta o ex-presidente Lula (PT) na liderança da corrida eleitoral de 2022, também mostrou que o petista e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estão empatados tanto no primeiro quanto no segundo turnos entre o eleitorado evangélico.

O levantamento mostra que, na primeira rodada da eleição, 35% dos evangélicos escolheriam colocar o petista de volta no Palácio no Planalto, e 34%, deixar Bolsonaro continuar por mais quatro anos. Num eventual segundo turno entre os dois, segundo a pesquisa, cada um recebe 45% das intenções de voto.

Os números sugerem que a religião não empurra tantos eleitores para o lado de Bolsonaro para derrotar Lula num embate direto —mesmo que o presidente abuse de um discurso conservador caro a esse eleitorado para se contrapor ao petismo.

Realizada de forma presencial com 2.071 pessoas em 146 municípios na segunda (11) e terça-feira (12), a pesquisa tem uma margem de erro de quatro pontos percentuais se considerar apenas esse quinhão religioso, que representa 26% da amostra.

Quando a pergunta é sobre os candidatos em que o entrevistado não votaria de jeito nenhum no primeiro turno, mais um empate técnico: 45% descartam Bolsonaro, e 42%, Lula.

O resultado apertado contrasta com o comportamento desse eleitorado em 2018, quando Bolsonaro foi um arrasa-quarteirão no segmento. Na véspera daquele segundo turno, o Datafolha projetou que 7 em cada 10 eleitores dessa fé optaram por ele contra o petista, Fernando Haddad.

Ainda que o empate retratado agora pelo Datafolha mostre um desempenho aquém do colhido na última eleição, Bolsonaro ainda tem uma trincheira eleitoral entre os evangélicos. A parcela religiosa é um dos únicos grupos com peso significativo na pesquisa em que o presidente reduz a vantagem de Lula.

Os evangélicos também ajudam a amortecer a queda de popularidade de Bolsonaro capturada pela última sondagem do Datafolha. Na população em geral, 24% consideram o governo ótimo ou bom. Entre os fiéis dessas igrejas, a aprovação é de 33%.

As características sociais, econômicas e demográficas podem empurrar esse segmento para um ou outro lado. Entre evangélicos, por exemplo, mulheres e negros são maioria, duas fatias mais simpáticas a Lula.

O bolso também interfere na equação. Na amostra do Datafolha, 65% dos evangélicos declaram renda abaixo de dois salários mínimos. E, entre os mais pobres, Lula pontua 60%, contra 28% de Bolsonaro —independentemente de sua fé.

Diante de uma crise sanitária e econômica que ceifou 14 milhões de postos de trabalho e esvaziou pratos de comida no Brasil, “não são pautas morais que supostamente mobilizam evangélicos —que são os mais pobres entre católicos e espíritas, os três maiores grupos religiosos—, mas a própria sobrevivência”, diz o pastor Clemir Fernandes, codiretor-executivo do Iser (Instituto de Estudos da Religião).

“É uma questão mais racional e existencial do que religiosa ou moral.”

A pesquisa Datafolha

Pouco mais de dois meses após ter seus direitos políticos restabelecidos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida para a Presidência com margem confortável no primeiro turno e venceria o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na segunda etapa, revela pesquisa Datafolha.

O petista alcança 41% das intenções de voto no primeiro turno, contra 23% de Bolsonaro.

Em um segundo pelotão, embolados, aparecem o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (sem partido), com 7%, o ex-ministro da Integração Ciro Gomes (PDT), com 6%, o apresentador Luciano Huck (sem partido), com 4%, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que obtém 3%, e, empatados com 2%, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e o empresário João Amoêdo (Novo).

Somados, os adversários de Lula chegam a 47%, apenas seis pontos percentuais a mais do que o petista. Outros 9% disseram que pretendem votar em branco, nulo, ou em nenhum candidato, e 4% se disseram indecisos.

O levantamento foi realizado com 2.071 pessoas, de forma presencial, em 146 municípios, nos dias 11 e 12 de maio. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Fonte: Folha de S. Paulo

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