Dez observações sobre o filme ‘Êxodo: Deuses e Reis’

3333Fui assistir ao filme Êxodo no cinema já faz um mês, mas não coloquei os comentários aqui porque estávamos para gravar o vlog com os comentários. Como ainda não conseguimos nos reunir para gravar , decidi escrever logo.

 

Eu gostei do filme e como disse o Ridley Scott: “Faltava um filme épico sobre Moises”. E faltava mesmo. Esse veio para suprir.

 

Como esse filme foi bem menos polêmico que “Noé”, temos a tendência de não falar sobre ele, mas isso é um tiro no pé de quem gosta de filme de histórias bíblicas, pois se só dermos audiência para os filmes polêmicos, mesmo que criticando, Hollywood só vai investir nesse tipo de filme.

 

Lembrando que sou formado em teologia e não em cinema, ou seja, para quem quer uma crítica mais cinematográfica é bom esperar o vlog, pois os convidados são da área.

 

Observações, críticas e analogias teológicas:

 

1- O filme foi um pouco longo e arrastado, isso me fez não vibrar tanto e nem sair muito empolgado do cinema, mas não tira a sua grandiosidade. Eu recomendo para todos e daria uma nota 8.

 

2- O filme fez a opção de trocar o cajado de Moises por uma espada, e essa troca tira a figura pastoral representada por Moises e continuada por toda a Bíblia, lembrando que a profissão pastor de ovelhas era considerada abominação para os egípcios. Entendo a necessidade de fazer um laço forte com o velho Moises, o príncipe do Egito, mas os historiadores falam que esse laço era feito com um brasão (medalhão) que provavelmente Moises levava no peito e que dava acesso ao palácio do Faraó. Essa troca poderia ter sido evitada com o brasão, pois os 40 anos (que no filme foi uns 7) de deserto, perdeu muita força como um aprendizado para Moises. O Cajado nas mãos de Moises representa que ele nunca deve esquecer os 40 anos de deserto.

 

3- O filme fez a opção de mostrar Deus como uma criança, um menino muito invocado, que só Moises via. Achei bem legal sair da velha voz em off e colocar um ator para dar mais pessoalidade para o relacionamento entre Moises e Deus. A criança é algo central na bíblia e altamente relacionado à história do Êxodo, do AT e do VT.

 

4- Tem um diálogo no filme em que Deus fala que vai fazer o povo egípcio implorar por misericórdia, esse diálogo entre o menino (Deus) e Moises causou incômodo em alguns colegas que alegavam que esse deus irado não era o Deus misericordioso da Bíblia. Eu discordo, foi uma boa interpretação das várias passagens de Êxodo que fala que Deus vai endurecer o coração do Faraó. Por que Deus quer endurecer o coração do Faraó perante as pragas que Ele mesmo está mandando? Uma boa resposta é que Ele quer castigar o Faraó e o povo egípcio pelos 400 anos em que escravizaram seu filho, o povo hebreu.

 

5- Quando Moisés volta para o Egito já disposto a libertar os hebreus, ele se torna uma espécie de terrorista. Isso não está na bíblia, mas gostei bastante, pois além do tema ser atual, ele mostra Moises tentando libertar o povo do seu próprio jeito e com as suas próprias forças. Gosto muito do diálogo em que Deus fala para Moises: você fez tudo que pôde e não deu certo, agora deixa Eu fazer.

 

6- Faltou mais background da história de Moises, faltou mostrar que milhares de crianças hebreias foram mortas nas mãos do faraó, e como Moises se livrou de tal barbaridade. Esse background dá força para a “virada” de lado de Moises. Mas por outro lado gosto da interpretação que Moises foi exilado do Egito, não por ter matado um soldado egípcio, porque ele poderia matar vários se quisesse, mas por uma “jogada” política do príncipe herdeiro.

 

7- Os tornados como solução para abrir o mar vermelho foi uma grande ideia, mas acho que não foi bem executado, não trouxe muita emoção para o clímax do filme, assim também foi com a grande onda para afogar o exercito egípcio. Não me fez levantar da cadeira. Meu amigo Luquinhaz me escreveu: “O mar se abrindo no filme 10 Mandamentos de 1956 foi melhor, a onda do Interstellar foi mais emocionante, até mesmo a onda da sopa do Todo Poderoso, do Jim Carrey, foi mais emocionante!”. E pra piorar a execução dessa ideia, que era boa, ele coloca Moises sendo pego pela onda e quase se afogando. Pelo amor de Deus, não força!

 

8- Um detalhe que eu gostei demais foi a favela gigantesca dos hebreus em Piton, trouxe para mim uma realidade do que era ter de 2 a 3 milhões de escravos em terras egípcias. Foi um choque ver uma terra, que foi um dos lugares de armazenamento de comida pelos egípcios nos anos de fome, se tornar aquilo por causa da exploração e miséria humana.

 

9- O filme retira Arão da história e coloca outros personagens nada a ver. Talvez porque se colocasse Arão teria que dar mais destaque para ele e “estragaria” o ritmo do filme. Mesmo assim, tirar o irmão mais velho de Moises, o primeiro sumo sacerdote da história, pra mim é grave.

 

10- Eu gostei do final do filme, do diálogo entre Deus e Moisés falando: “a tábua só registra, não contesta ou desobedece”, esse diálogo foi fantástico! Moisés velho sendo transportado dentro do tabernáculo, com Deus andando do lado no meio do povo, me arrepiou. Talvez por fazer vir à mente tantos conceitos teológicos sobre a transcendência e imanência de Deus já no Antigo Testamento.

 

Lógico que teríamos muito mais para falar, mas isso a gente pode fazer aqui nos comentários, nas conversas em torno de mesas, nas salas de aula, ou nas redes sociais. Um grande abraço e espero ter ajudado com minha opinião.

 

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