Enem: temas que tenham relação com o Mundial podem ser cobrados na prova

escrever1 Na preparação para o Enem, o CORREIO publica a partir de hoje, sempre as quintas-feiras, uma série especial sobre a prova. Em clima de Copa, professores destacam que esporte e preconceito, corrupção e mobilidade podem ser cobrados.

 

A Copa do Mundo ainda está rolando e, acredite, ela pode render discussões muito depois do dia 13 de julho, quando sairá um campeão no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Quem vai fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) este ano e ainda não está de olho, é bom ficar ligado: esporte e preconceito, corrupção, mobilidade, protestos, legados e até frustrações podem ser cobrados.

 

Para o professor Wilton Oliveira, de Geografia, a frustração pode ser tema de questão na prova, que será aplicada para pelo menos 9,5 milhões de candidatos de todo o Brasil nos dias 8 e 9 de novembro. “O Enem é muito contextualizado, então é bem possível que (a Copa) caia na prova, mas muito mais dentro de uma ótica da frustração, de se criar uma expectativa e não se realizar”, diz.

 

O professor também acredita em uma discussão com relação aos movimentos contrários ao Mundial. É esta também a opinião da professora Miliana Vieira, de Sociologia. “Acredito que há sim a possibilidade de este tema vir a ser abordado. Principalmente, no que diz respeito aos supostos legados que a Copa nos deixará”, avalia.

 

Há até quem se ligue nos gols, na angulação das bolas e na velocidade dos chutes. “Faz parte da Física, tem a ação da gravidade e sempre dá para sair uma questão daí”, observa o candidato Caio Vitório, 23 anos.

 

Diante das possibilidades, cursinhos aproveitam para abordar os temas e os próprios candidatos também se movimentam para ficar por dentro do assunto.
A estudante Kamila Trindade, 21, aluna do cursinho Gregor Mendel, em Feira de Santana, acredita que o tema pode ser abordado tanto na Redação quando na prova de Geografia — neste último caso, a questão da mobilidade. “Discutimos muito questões atuais, como a polêmica que surgiu em torno da campanha ‘Somos todos macacos’ e também esporte e preconceito”, conta.

 

Redação
Já a professora Ana Paula Marques, de Redação, não aposta tanto assim no tema no Enem. “Eu vejo sempre o Enem com a tendência de trabalhar (na redação) um tema político, mas genérico, também. Por isso que, para mim, a Copa não seria um eixo temático interessante para o governo e para o Ministério da Educação (MEC)”, pondera.

 

Mesmo assim, Ana Paula não descarta possibilidades. Para ela, é na Redação que há maior chance de algo relacionado à Copa ser cobrado. “A única coisa que pode refletir é por que o brasileiro desenvolve um nacionalismo exacerbado, um ufanismo em tempo de Copa. Isso é um tema que pode vir à tona e que até já foi abordado nessa última prova da Católica”, diz, se referindo à do vestibular de maio deste ano. Segundo ela, a orientação dos professores é que os alunos tenham o máximo de contato possível com temas atuais, o que inclui a Copa do Mundo, também.

 

Diretora do Colégio Estadual Senhor do Bonfim, nos Barris, a professora Andreia Sarraf prefere não perder tempo e acredita, sim, que a Redação pode vir com tema relacionado ao Mundial. “Desde a Copa das Confederações, alguns temas já têm se difundido nesse sentido. Então, todos os movimentos que aconteceram nas ruas fizeram com que as pessoas parassem para pensar. Tudo isso foi trabalhado com relação à Copa, corrupção. Isso tudo é atualidade e a gente vem trabalhando em redação esses temas”, explica.

 

Nos últimos cinco anos, temas como ética e corrupção já foram cobrados aos candidatos do Enem. Em 2009, o tema da redação foi “O indivíduo frente à ética nacional” e os candidatos precisaram apresentar uma proposta de ação social que respeitasse os Direitos Humanos. Em 2010, a prova falava do trabalho na construção da dignidade e abordava a questão da escravidão.

Em 2011, o tema foi “Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado”. Já em 2012, um tema mais genérico tratava do movimento imigratório para o Brasil no século XXI. Por fim, no ano passado, a despeito das manifestações que tomaram o país, a redação cobrava que o estudante escrevesse sobre os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil.

 

Histórico
Embora não descarte a possibilidade, a professora de Português e Redação do Colégio Estadual Teixeira de Freitas, Marta Mendonça, não espera grandes aparições do tema Copa na prova. E é justamente por conta do histórico de temas atuais, mas genéricos. Assim como a colega Ana Paula Marques, ela arrisca somente a presença do nacionalismo como um possível tema de redação.

 

“Eu creio que todo assunto que estiver em destaque, de atualidade, pode cair, e a Copa não é recente. Essa construção da Copa tem muito tempo, desde a construção das arenas. Então, eu acho que não é uma coisa somente do período em que acontecem os jogos. É uma construção que vem sendo feita há dois anos ou três pra cá”, aponta.

 

Apesar disso, o candidato deve ficar atento. Para ela, menos relacionado ao esporte e mais ligado à sociedade, podem aparecer na prova questões relativas à mobilidade urbana como direito dos cidadãos, além das reivindicações das últimas manifestações. “Como é que não se conseguiu construir casas num tempo hábil para dar a essas pessoas que tiveram as casas destruídas por enchente, mas em tempo recorde as arenas foram construídas?”, observa, sinalizando um tipo de questionamento que pode aparecer.

 

 

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