“Eu peço a Deus que Lula ajude o PT a sair dessa lógica dos aloprados”, diz Marina Silva

Lula-alopradoA candidata Marina Silva (PSB) fez um balanço de sua campanha pela presidência da República, iniciados há 42 dias, após a morte do ex-governador pernambucano Eduardo Campos.

 

Marina afirmou que ficou “estarrecida” com a estratégia de “marketing selvagem” usado pelo PT para rebater seu crescimento inicial nas pesquisas de intenção de voto, e afirmou que não esperava que o ex-presidente Lula agisse de forma tão agressiva contra ela.

 

A ex-senadora ex-ministra do governo Lula disse que foi surpreendida pelos pesados ataques feitos pela campanha de Dilma Rousseff (PT).

 

“Isso me chocou um pouco. Acho que ninguém esperava esse marketing selvagem, que não tem nenhuma mediação dos valores e da ética. Todo mundo ficou um pouco assustado. A gente já viu isso no passado. O Collor ganhou uma eleição dizendo aberrações contra o Lula. Nos rincões do Brasil o que faziam circular era que o Lula tiraria um quarto de quem tinha dois, uma galinha de quem tinha duas, que ele iria confiscar as Bíblias de quem acreditava em Deus. Agora está acontecendo algo parecido, mas com sinal inverso. Dizem que se eu for eleita todo mundo vai ser obrigado a seguir a minha fé, o que contradiz toda a minha história como cristã. E depois dizem que eu vou acabar com o Bolsa Família, com o pré-sal, com a transposição do rio São Francisco – até com o direito a férias e ao décimo terceiro. Falam como seu eu fosse uma exterminadora do futuro. É uma nuvem de fumaça para impedir que as pessoas percebam que é o nosso presente que está sendo ameaçado com a volta da inflação, com os juros altos, com a corrupção”, comentou Marina em entrevista à revista Veja.

 

Para Marina Silva, os argumentos usados pelo PT contra sua campanha zombam da inteligência do cidadão brasileiro: “O que me deixa mais estarrecida é que esse tipo de marketing não desqualifica apenas a mim, ele também desqualifica a nossa história coletiva, aquilo que a sociedade brasileira conquistou e institucionalizou nas últimas décadas. O Brasil não é uma república de papel. Nós temos instituições que foram conquistadas a duras penas. Quando você diz que tudo isso pode ser retirado da mesa num passe de mágica, está fazendo pouco de todos nós. É difícil lutar contra essas coisas quando o adversário tem tantos recursos para fazer campanha. Mas eu me apego a duas coisas. Primeiro, conto com o discernimento da sociedade. Depois, me apego ao exemplo de pessoas muito maiores que eu. Os algozes de Nelson Mandela o puseram numa cadeia por mais de 25 anos. Hoje, todo mundo sabem quem era Mandela, e o nome de quem o oprimiu é que leva uma mancha. Martin Luther King era Martin Luther King, Gandhi era Gandhi. Eu tento me inspirar nessas pessoas”, disse.

 

Sem negar a frustração com Lula, Marina disse que espera que o ex-presidente assuma uma postura de estadista, e coloque o Partido dos Trabalhadores de volta aos trilhos: “Eu peço a Deus que Lula ajude o PT a sair dessa lógica dos aloprados […] O Lula não pode ser tragado pelo PT pragmático. O PT das origens não pode permitir que esse PT pragmático trague o Lula”.

 

Por fim, Marina disse que sua proposta de “nova política” se baseia no que a própria sociedade está fazendo na prática, em repúdio ao atual modelo de governança: “Nós temos de entender que há algo de sério acontecendo no Brasil. A sociedade brasileira avançou muito mais que os partidos, que as lideranças. A sociedade está à frente. Por vinte anos as pessoas esperaram que a política mudasse. Agora, ela resolveu mudar os políticos. Mas o novo sempre se estabelece em cima de algo que já existia. As sociedades avançam quando são capazes de institucionalizar suas conquistas. Quando tudo é fulanizado, partidarizado, não se vai a lugar nenhum. O Lula fez um gesto, manteve o Plano Real, o principal legado do governo FHC. Quem vier agora tem de manter o legado da inclusão social, mas também abordar o novo desafio, que é o de recuperar a credibilidade para as instituições políticas. E para isso é mais fácil conversar com Lula e Fernando Henrique, por suas histórias, do que com Sarney e outros que incorporam e sustentam as velhas práticas”.

 

Gospel +

OUTRAS NOTÍCIAS