Igreja faz cultos dentro de bar e pastor diz que busca por “cultura brasileira” como identidade

Quando algumas igrejas precisam de um local para congregar e realizar cultos ao Senhor, geralmente elas procuram galpões ou, na pior das hipóteses, o terraço ou garagem na casa de algum dos membros. Todavia, para o pastor Marco Davi, de 52 anos, o local escolhido para sua comunidade foi o salão de um barzinho carioca.

 

Com o título de “Nossa Igreja Brasileira”, a congregação se reúne há dois meses no salão do bar Casa Porto, no Largo São Francisco da Prainha, região portuária do Rio de Janeiro. Esse não é o primeiro local atípico que a comunidade escolhe para seus cultos.

 

Além de já ter se congregado em outro barzinho da Lapa, a “Nossa Igreja Brasileira” também já utilizou o espaço da Igreja Batista Memorial Tijuca e o Instituto de Pesquisa da Culturas Negras (IPCN).

 

Para Raphael Vidal, o proprietário do bar, a disponibilidade do espaço para a “Nossa Igreja Brasileira” surgiu após se identificar com o estilo do pastor Marco Davi. “Conheci o pastor quando ele estava numa mesa, bebendo, comendo, e curtindo um samba”, disse ele ao jornal O Globo.

 

Vidal confessa já ter participado das reuniões: “Já estive presente duas vezes como ouvinte e gostei muito da perspectiva dele da leitura da Bíblia”, acrescenta.

 

Para o pastor Davi, sua teologia é focada em discursos afirmativos de classe e gênero. Uma das canções entoadas no culto, por exemplo, diz que “na nova terra o negro não vai ter corrente e o nosso índio vai ser visto como gente; na nova terra, o negro, o índio e o mulato, o branco e todos vão comer no mesmo prato”.

 

Apesar de o evangelho bíblico ressaltar no livro de Gálatas 3:28 que já “não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”, deixando claro que Deus não faz acepção de pessoas, o pastor Davi fez questão de frisar que a sua congregação procura enfatizar algumas pautas:

 

“Nosso discurso é progressista também, fala dos ancestrais e da questão da mulher, o que não é comum nas igrejas evangélicas. Nosso desejo é que a cultura brasileira seja a nossa identidade”, disse o pastor, esclarecendo de forma aparentemente contraditória que a identificação com o público negro, por exemplo, é uma consequência e não o foco principal:

 

“Não é exatamente uma proposta de uma igreja negra, não queremos polarizar, mas, como 80% dos nossos ritmos são de origem africana, isso acaba atraindo muitos negros”, disse ele.
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