Jovem de Feira de Santana que já pesou 157kg chorou ao ir para o UFC e segue invicto

Carlos Felipe chegava na escola onde estudava, em Feira de Santana, na Bahia, e os colegas não tardavam a chamá-lo de gordo. Ele atendia como se fosse seu nome próprio – os apelidos eram na linha de “rolha de poço”. O temperamento explosivo o impedia de levar desaforo para casa. O combo formado por bullying e briga era uma constante na vida do menino que, aos 13 anos de idade, pesava 157kg. Da coleção de confusões, fez das críticas o ponto de partida para a sua mudança física. Entrou no boxe para queimar calorias e tornou a nobre arte o seu carro-chefe. A obesidade ficou para trás. De chacota no colégio, Carlos Felipe, o Boi, se tornou um invicto lutador de MMA, recentemente, contratado pelo Ultimate. Quem diria…

 

– Eu acho que 95% das pessoas duvidavam, pouquíssimas acreditavam… E tenho dúvidas se essas acreditavam mesmo ou se era da boca para fora. Mesmo na época que eu pesava 157kg eu sabia que ia conseguir, cedo ou tarde. Devo ter calado a boca de muita gente (risos). Estou doido para lutar e bater em algum gringo. Fiquei muito emocionado quando meu treinador, Edilson Teixeira, me deu a notícia. Ele reuniu a todos no aniversário da mãe dele, mas começou a falar de mim. Eu fiquei desconfiado e pensei: “Que po*** é essa? O aniversário é da mãe dele, e ele fica falando de mim? Fiquei com a pulga atrás da orelha. Aí, quando ele falou a novidade, um bocado de gente chorou. Eu fui o que mais chorei – declarou o peso-pesado do Ultimate, cuja data de estreia ainda está indefinida, em entrevista ao Combate.com.

 

Se o UFC é o capítulo mais recente da saga de Carlos Boi, de 22 anos, voltemos à infância do baiano, que mede 1,84m e costuma lutar com cerca de 110kg. Obeso quando criança, ele acredita que a ansiedade tenha contribuído para o seu sobrepeso. Descontraído, brinca com o porte físico, mas nem sempre foi assim. Chegou a brigar com três ao mesmo tempo para que as ofensas terminassem.

 

– Eu sempre fui gordinho e, com 157kg, não dava para lutar no peso-pesado nem se eu desidratasse (risos). A galera implicava muito, e as brigas que eu tinha no colégio eram por conta disso. Eu sempre tive um temperamento explosivo, não deixava para lá, não deixava quieto. Sofri bullying demais… Ave, Maria! Teve uma época que gordo virou meu nome, todo mundo me chamava assim. Lembro de uma vez que briguei com três ao mesmo tempo. E eu nem lutava na época. Na verdade, me acalmei quando entrei no boxe, nas artes marciais. A briga deu até polícia, o pai de um dos meninos me chamou de marginal, sendo que o filho dele tinha me provocado. Tive que pagar um óculos novo para o garoto. A briga foi pau a pau, mas era só eu contra três. Tomei umas porradas, mas bati também (risos).

De tanto ouvir, Carlos Felipe começou a agir. Trocou o incômodo das ofensas pela força para mudar o quadro. E mudou. Por indicação de um médico, entrou nas aulas de boxe para perder peso. No começo, não deu muito certo. Explica-se: o jovem, então com 17 anos, chegava à exaustão na academia, mas descontava tudo na comida ao colocar os pés fora do ringue.

 

– Eu me matava no boxe, saía da academia e passava na barraquinha de salgados. Comprava cinco e levava para casa. Ficava nessa, não fazia dieta, então não tinha resultado. Fiz uma dieta louca, que zerava o carboidrato e caí de 157kg para 125kg. Peguei a dica em um grupo no Facebook. Era só proteína e gordura. Comecei a malhar pesado e enxuguei bem. Fui baixando, baixando e 98kg foi meu menor peso, na minha estreia no MMA. Eu fico veloz e com gás com 109kg ou 111kg. Quando não tenho luta, subo um pouquinho – destaca o baiano, cujo cartel é composto por oito vitórias – seis via nocaute.

 

Diferentemente de boa parte dos lutadores brasileiros, que se inspiraram em Royce Gracie para começar nas artes marciais mistas, Carlos Boi – que pertence a uma nova safra de atletas -, se encantou pelo esporte ao ver Anderson Silva nocautear Vitor Belfort com um chute frontal, no UFC 126 , em 2011. Dali em diante, colocou na cabeça que seria lutador de MMA. A faculdade de Direito, iniciada anos depois, não o empolgava – Boi afirma que as boas notas pararam na oitava série. Abandonou o curso para fazer Educação Física – e gostou. O esporte, sim, mexia com ele, mesmo na época que não havia técnica, apenas uma tentativa de repetir o que se assistia nos vídeos postados na internet.

 

– Eu conhecia os grandes nomes do Pride, os famosos, o Fedor (Emelianenko)… Depois daquela luta do Anderson eu quis saber mais, comprava DVD pirata na banca dias depois do evento para assistir. Fui fazer boxe para emagrecer, e hoje é a minha área principal, meu estilo. No começo nem existia MMA em Feira de Santana. Eu treinava com meus amigos vendo as quedas na internet. A gente olhava e executava, era na loucura. O dono de um terreno emprestava um espaço para a gente. Dizíamos que fazíamos funcional, mas a gente saía na porrada treinando MMA (risos). No fim de semana, a gente tentava imitar o jiu-jítsu no quintal, mas ninguém sabia po*** nenhuma (risos) – relata o atleta da Life MMA,  se divertindo ao recordar as histórias.

 

Foi nessa época que Boi virou o apelido que o acompanharia ao longo da carreira, iniciada em 2014. E, engana-se, quem pensa que tem algo a ver com o porte físico de Carlos Felipe, que se divide entre Feira de Santana e Salvador para realizar seus treinamentos.

 

– Meu professor falava que eu ia que nem um boi para derrubar, porque eu não tinha técnica
nenhuma. No começo, achava um apelido feio, hoje em dia, eu gosto. Há vários apelidos piores que o meu (risos).

 

O apetite de Carlos Boi, atualmente, é por vitórias. Entretanto, as suas origens ainda falam alto em determinados momentos. O prazer por comida é grande, e as dificuldades de entrar na dieta incomodam, especialmente quando vê fotos de comida nas redes sociais.

 

– Se eu vacilar e ficar em casa o dia todo, vou comendo… No dia a dia, é fo** quando você está de dieta, abre o Instagram e só tem foto de comida. Nêgo parece que tira o dia para botar foto de comida. É fo**! É pizza, pizza e pizza… O cara tem que se controlar para não pedir uma. É difícil demais (risos) – encerrou o peso-pesado.

 

(Fonte: Combate.com)

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