Pastor da Assembleia de Deus, nega acusações de intolerância religiosa

O pastor João Paulo Queiroz, da Assembleia de Deus, do bairro Juca Rosa, em Eunápolis, no sul da Bahia, negou a prática de intolerância religiosa dele e de outros integrantes da igreja, com o terreiro de Candomblé Logun Edé, que existe há mais de 40 anos na cidade.

O pastor afirma que o grupo apenas orava na frente do terreiro, quando foram agredidos pelos integrantes do terreiro. Essa versão é negada pelos denunciantes.

“Todos estavam fazendo trabalho de evangelização, nós já tínhamos percorrida várias ruas quando nós paramos ali, começamos a louvar e a fazer orações. Nós que fomos atacados por gestos, por palavras, até que veio agressão física”, disse o pastor.

Já o pastor presidente, Antônio Cintra, que representa as igrejas Assembleias de Deus em Eunápolis, disse que a igreja existe há mais de 70 anos na cidade, e que não apoia episódios de intolerância religiosa.

“Pregamos e orientamos contra a intolerância, contra desrespeito, contra a violência, porque nós privamos pelo respeito não somente a religião afro, mas a todas religiões”, afirmou Antônio Cintra.

Denúncias do terreiro

O primeiro ataque foi na tarde do domingo (13). Segundo a responsável pelo terreiro, um grupo da Assembleia de Deus foi pregar o evangelho em frente ao terreiro, e pisotearam o assentamento de Exu, e agrediram a ilaorixá e os filhos de santo.

O segundo ataque aconteceu por volta das 9h de segunda-feira (14). Vândalos estiveram no local e destruíram o assentamento, que ficava na esquina do terreiro Logun Edé.

Nesta terça (15), as pedras foram encontradas reviradas e até a placa de concreto, que ficava por baixo de uma camada de terra, foi retirada. Uma panela e algumas oferendas que estavam enterradas no buraco foram retiradas e levadas pelos vândalos.

“Estávamos numa cerimonia lá dentro, e quando saímos viemos essa bandalheira. Se levaram a panela é roubo. E isso não pode ficar assim não”, disse o pai de santo José das Virgens.

“Eles aproveitaram a zoada dos tambores, cavaram, tiraram as pedras, e levaram as panelas que eram em meu benefício”, relatou a ialorixá Maria Luziene.
Indignada, a ilaorixá registrou mais uma vez uma queixa na delegacia de Polícia Civil.

“Mais uma queixa! Eu moro há 44 anos nesse terreiro em Juca Rosa e eu não me envolvo com a vida dos outros”, contou Maria Luziene.

A advogada do terreiro, Janaína Panhossi, afirmou que intolerância religiosa é crime e pediu providências.

“É um crime e precisa ser combatido, é uma pratica é um ataque a sua liberdade de fé a pessoa humana, já cedemos as imagens e esperamos que as autoridades penalizem quem vem fazendo esse crime inaceitável”, disse a advogada.

O caso é monitorado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), o coletivo de entidades negras e pela Anistia Internacional.

G1 Bahia Foto: TV Santa Cruz

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