Pastor é suspeito de pegar as aposentadorias da mãe de 90 anos e de irmão deficiente

Um pastor evangélico é suspeito de se apropriar das aposentadorias da mãe, de 90 anos, e de um dos irmãos, de 46 anos, que é deficiente, em Palmeiras de Goiás. A idosa estava desnutrida e debilitada.

 

“Não tinha quase nada na geladeira, os agentes confirmaram a falta de alimento, que só tinha arroz e feijão. Ela recebe dois salários, o filho um, não era para viverem nessa situação”, disse o delegado Bernardo Comunale.

 

O pastor foi preso, na terça-feira (2), e negou à Polícia Civil ter desviado o dinheiro da mãe e do irmão. No dia seguinte, ele passou por audiência de custódia e, conforme o advogado Arlen Luís Batista Silva, foi solto, por decisão do juiz José Cássio de Sousa Freitas.

 

“Ele vai responder ao processo em liberdade, pois é réu primário e tem endereço fixo. O juiz concedeu a liberdade provisória e colocou restrições, como devolver os cartões, o que já foi feito”, disse o advogado do pastor, Arlen Luís Batista Silva.

 

Denúncia
O pastor tem a curadoria, ou seja, é o responsável por cuidar de outro irmão, que não recebe nenhum benefício e mora em uma casa próxima à da mãe. Foi ele quem procurou a delegacia, junto com vizinhos, para registrar a denúncia. Em seguida, os agentes foram até a propriedade, localizada na zona rural de Palmeiras de Goiás.

 

“Era hora do almoço. O filho estava fazendo arroz e feijão. Ele disse que eles fazem duas refeições por dia, sempre arroz e feijão”, contou o delegado.

 

Quando os agentes abordaram a idosa, ela ficou emocionada.

 

“Ela disse que há muito tempo está com vontade de comer frutas e carnes, mas não davam. Ela confirmou a denúncia e chorou”, completou o delegado.

 

Desnutrição
A idosa e o filho foram levados para o Pronto Socorro Municipal. O homem estava bem e não precisou de cuidados.

 

De acordo com o relatório do médico Flávio Faria, a paciente estava com quadro grave de desnutrição, mas não foi necessário deixá-la internada, pois é preciso fazer exames antes de iniciar o tratamento.

 

“Ela possui uma atrofia muscular grave, falta de proteína. Tem tempo que ela passa fome, é maus tratos mesmo. Perder peso e massa, não é dia para a noite”, avalia.

 

Investigação
O delegado explicou que a idosa disse, em depoimento, uma versão diferente do que havia dito, informalmente, aos policiais, horas antes. “Ela disse que tem comida e não dá conta de comer. A gente não sabe se essa mudança se deu por consciência própria ou externa de outro filho”, explicou.

 

De acordo com Comunale, a mãe recebe dois salários mínimos por mês, e o filho que mora com ela, um, o que daria cerca de R$ 3 mil por mês. Ele apontou despesas de R$ 1,7 mil.

 

“Ele não soube explicar onde está indo a diferença do dinheiro. Ele diz que administra, gasta todo o dinheiro com a mãe e o irmão. No entanto, a condição precária não é condizente com a renda, e isso foi determinante para o flagrante”, reforçou o delegado.

 

Mais pessoas devem prestar depoimento nos próximos dias, antes de a polícia terminar a investigação.

 

Versão do pastor
Conforme a defesa do pastor, ele pega apenas o benefício da mãe e o usa totalmente para custear as contas da casa dela e despesas médicas. O suspeito alega que o irmão consegue sacar o benefício de prestação continuada e fica com o dinheiro.

 

Segundo o advogado, o cliente dele fez uma compra de supermercado na última quarta-feira (26), mas não havia nada na casa quando os policiais chegaram.

 

“Semana passada, ele fez um compra de R$ 750, só que ontem não tinha nada desses mantimentos. Ele alega que fizeram uma armação. Ele jamais deixaria a mãe dele numa situação difícil”, destacou.
O pastor alega para a defesa que a mãe está desnutrida porque tem dificuldades para se alimentar. “Ela fuma muito e não se alimenta bem, não é por não ter nada para comer. Ela quase não sente fome, não é por falta de alimentos”, disse o advogado.

 

 

G1 Goiás.

OUTRAS NOTÍCIAS