Pregadores usurpadores

De acordo com o Dicionário Caudas Aulete Digital1, o verbete “usurpador” significa aquele “que se apodera ilicitamente daquilo que não lhe pertence ou a que não tem direito”. A Bíblia do Obreiro2, por seu turno, declina “usurpação” da seguinte forma: “Apego a alguma coisa”. Diante desses esclarecimentos, iremos refletir, objetivamente, sobre os pregadores usurpadores, ou seja, aqueles que tentam usurpar o lugar de Deus.

 

Os pregadores usurpadores são autossuficientes. Em geral, eles abandonam a oração, a santidade, a vigilância e, sobretudo, a leitura sistemática da Bíblia. Tampouco estão preocupados com a própria reputação. O que eles mais adoram é estar em destaque. Essa atitude do coração tem destruído muitos ministérios que, em algum tempo de sua caminhada, deram frutos; outros, sequer começaram a frutificar no Senhor, porque nunca foram impactados por uma conversão genuína.

 

À título de exemplo, tomaremos a autossuficiência espiritual de Satanás. Em Ezequiel 28.11-19, podemos perceber uma analogia latente com relação ao Inimigo:

 

Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor DEUS: Tu eras o selo da medida, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti.

 

Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre a terra, aos olhos de todos os que te vêem. Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais subsistirá.3

 

Stamps ajuda-nos a esclarecer melhor essa passagem das Escrituras:

 

No devido contexto, a profecia de Ezequiel contra o “rei” de Tiro parece conter uma referência velada a Satanás como o verdadeiro governante de Tiro e como o deus deste mundo (cf. 2 Co 4.4; 1 Jo 5.19). O rei descrito como um visitante que estava no jardim do Éden (v. 13), que fora um anjo, “querubim ungido” (v.14), e uma criatura perfeita em todos os seus caminhos, até que nela se achou iniquidade (v. 15). Por causa do seu orgulho pecaminoso (v. 17), foi precipitado do “monte de Deus” (VV. 16, 17; cf. Is 14.13-15).4

 

A queda do Diabo exemplifica bem o abatimento dos pregadores usurpadores. O Diabo caiu porque queria ser igual a Deus. E por que muitos pregadores de agora estão caindo? Porque estão tentando usurpar o lugar do Espírito Santo, que, segundo Jesus, convence-nos “do pecado, e da justiça, e do juízo” (Jo 16.8). Inclusive, num dia desses tomamos conhecimento de que um pregador (pregador?) afirmou que conseguia “animar a igreja”. Este tipo de pensamento é antibíblico e blasfemo! É fruto de um coração embriagado pelo “vinho” de Satanás!

 

Semelhantemente, Adão e Eva resolveram agir independentes de Deus e se deram mal (Gn 3). As consequências dessa danosa atitude custou-lhes a presença do Criador, a vida imperecível, a harmonia no lar e a perfeita consciência para com o Senhor.

 

Admoestamos aos pregadores de plantão a que não queiramos usurpar o lugar do Espírito Santo. Cabe-nos tão-somente estar submissos a vontade de Deus, para sermos instrumentos em Suas santas e poderosas mãos. E, em nossas pregações, não nos preocupemos em impactar o auditório; deixemos isso com o Espírito do Senhor, pois Ele sabe fazer isso como ninguém: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu” (Lc 4.18).

 

GOSPEL PRIME

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