Tiquaruçu e suas casas antigas com paredes carregadas de história

Casas antigas, com muitas décadas de construídas ou centenárias, ainda são maioria nas poucas ruas de Tiquaruçu antigo – em volta da Igreja de São Vicente. Basta observar as fachadas e suas estruturas arquitetônicas. Portas, batentes e telhados – já não usuais – dão ideia da idade de cada uma delas.

 

As paredes destas residências estão pejadas de história. Principalmente pelo Reisado de São Vicente, tão antigo quanto o povoado, uma das manifestações culturais mais ricas de todo interior baiano.

 

Geralmente são dotadas de duas janelas grandes e de madeira de lei, tão boa que não virou comida de cupim. Outras tem quatro janelas, duas de cada lado da porta. As cores fortes, berrantes até, as destacam ainda mais. Lajotas de argila ainda são piso de algumas, mesmo gastas pelo tempo e uso contínuo.

 

As paredes são de barro, mesmo material usado para o reboco. Em algumas pode-se ver parte da estrutura da madeira nas paredes. As colunas tinham peças com forquilhas para que dessem sustentação à madeira usada no telhado, geralmente grossos caibros, linhas e ripas, todas de espécies da região. São casas com corredores longos e quartos do outro lado.

 

Dona Dina Bispo de Jesus, que nasceu no distrito mas mora em São Paulo, com o marido Florêncio Nascimento, passa temporadas na casa construída pelos avós quando da formação do povoado. No local durante muitos anos funcionou os Correios. “Tava abandonada, mas recuperamos”. E mantiveram as características originais.

 

“Enquanto puder, resisto retirar o piso que tanto acho bonito”, diz a dona de casa Jandira Araújo Santos, que relaciona crises alérgicas às antigas lajotas. “Junta muita poeira”, crê. Disse amar o telhado e as portas. “Estas não troco de maneira alguma”.

 

A casa foi feita pelo mestre Basílio – que fez muitas outras – seu sogro. Mora no local há mais de 40 anos – a casa tem muito mais. Gosta de conversar com a vizinha Rosalina, que mora na Serraria Brasil, em Feira, mas frequentemente visita o local onde morou até a juventude. A casa dela passou por reforma.

 

Dona Maria Crispina Lima mora numa que tem a fachada pintada com um azul vivo. Dentro as cores são mais suaves. Disse que há 16 anos a casa estava em ruínas. “Deu trabalho, mas ajeitamos tudo”. Mora com os filhos e neta. “To aqui de favor e vou sair para a minha casa”.

 

Revelou que gosta de viver no casarão, onde residiu um dos primeiros moradores do distrito, Ernesto Cerqueira. “A casa tava completamente abandonada”. Ela colocou água e pediu a ligação da luz.

 

Antiga também é a bodega do comerciante Heleno Souza (foto). O balcão é de madeira, bem como suas prateleiras empanturradas de mercadorias. Vende de quase tudo um pouco. “Aqui é um local histórico”. Diz que não a troca por nada neste mundo.

 

 

Secom

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